sexta-feira, 22 de maio de 2009

Fragmento

Quando o tempo se transforma no pó que incidentalmente cobre as nossas memórias, quando nossas memórias já se fazem amareladas e recebem poucas visitas. Quando os vidros nas janelas assumem aquela aparência opaca e leitosa. Quando o sussurrar do vento embala o sono da idade. Quando tudo isso acontece, num belo quadro de óleo e conflitos, nos tornamos o que somos.

Despimos as vestes e armaduras que imaginamos ao nosso redor. Nus ao luar, tensos ao vento da madrugada, verdadeiramente simples de coração e mente. Um resumo de todos os sentimentos que se infiltraram em nossos possíveis espíritos durante nossos curtos dias. Contorcidos em dores e sorrisos, lágrimas de pura alegria ou sombrio desespero, no espelho à frente somos novamente, finalmente, apenas pequenas criaturas indefesas buscando algo Maior, que explique a Essência dessa confusão que respiramos.

Nus, nos tornamos humanos. Apenas uma espécie de animal que habita neste planeta, mas que não sabe mais habitá-lo. Sem a proteção de nossas barreiras imaginadas somos pele, osso, tormento, felicidade. Sem muros e grades, somos tudo que poderíamos ser: somos a nossa própria natureza.

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