Olá, estamos aqui, nessa rocha suspensa, a terceira a partir da estrela, girando sem parar. Estamos aqui, tentando encontrar um caminho a seguir, uma palavra a dizer, um momento para partir, algo novo a fazer. Olá, estamos aqui, esperamos por vocês, não sabemos se realmente existem, pedimos um sinal, uma visita.
Nós enviamos palavras, sinais, discos, músicas. Fórmulas, parcos conhecimentos. Nossa pobre tecnologia. Enviamos preces, desejos, pedidos. Fazemos tudo o que podemos, mesmo que não faça sentido. Nos sentimos solitários diante de tamanha imensidão, somos bilhões, mas estamos imersos em grande solidão.
Somos sentimento, razão, emoção. Erramos com os erros, acertamos sem querer disfarçar nossa indecisão. Plantamos, extraímos, poluímos, remendamos. Desconhecemos as magias, ignoramos as ligações entre tudo o que existe, nos esquecemos que somos parte de um todo que sobrevive além dos dias, meses, anos que dividem nossas vidas.
Clamamos por um contato, um chamado, qualquer dia. Queremos algo novo que nos prove quantos anos nós perdemos cultivando ignorância. Precisamos provar a nós mesmos que temos importância diante de tamanha grandiosidade. Mesmo relutando em demonstrar toda a nossa generosidade.
Precisamos de uma mão, um mapa, um guia. Algum sinal de inteligência mais inteligente do que a nossa teimosia. Uma palavra, um ombro amigo. Queremos um ponto final ao que temos discutido. Uma resposta para o amor que sentimos por algo ou alguém que desconhecemos, precisamos de algo que não temos.
Olá? Estamos aqui!
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Simples teoria
A felicidade é como o tempo: passa e se soma. Portanto não é possível voltar a ser feliz, assim como não é possível voltar no tempo. É possível apenas ser mais feliz.
Incentivo a mim mesmo
Existe vida além da obrigação diária de nos prendermos às regras de um sistema que nos consome em desperdício. As amarras dos horários restringem a mente, que nem sempre consegue funcionar sob as mãos repressoras das minúsculas janelas de tempo que criamos para nós mesmos.
Prazos um pouco maiores e um relaxamento nas regras certamente acarretarão num melhor aproveitamento intelectual, favorecendo o senso crítico. É preciso que se tenha consciência de que não vivemos dentro de uma linha de montagem, não somos mecanizados.
As criações humanas devem objetivar nosso bem estar, e não selar nossa escravidão, como tem acontecido. A mente humana é instrumento de produção incessante, mas não é máquina: necessita liberdade, tempo. Estes são os ingredientes dos sonhos, que por sua vez são as sementes das grandes realizações.
Num mundo tão inescrupuloso e competitivo, a rapidez é importante. Mas nenhuma construção resiste ao tempo sem que sólidas fundações a sustentem.
Prazos um pouco maiores e um relaxamento nas regras certamente acarretarão num melhor aproveitamento intelectual, favorecendo o senso crítico. É preciso que se tenha consciência de que não vivemos dentro de uma linha de montagem, não somos mecanizados.
As criações humanas devem objetivar nosso bem estar, e não selar nossa escravidão, como tem acontecido. A mente humana é instrumento de produção incessante, mas não é máquina: necessita liberdade, tempo. Estes são os ingredientes dos sonhos, que por sua vez são as sementes das grandes realizações.
Num mundo tão inescrupuloso e competitivo, a rapidez é importante. Mas nenhuma construção resiste ao tempo sem que sólidas fundações a sustentem.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Espelho
Onde estão guardados os segredos que precisamos desvendar para que possamos atingir os pontos que devemos atingir?
Onde está sendo mantido este conhecimento, que quando obtido será capaz de mudar o curso de tudo o que existe?
Quem estaria escondendo as palavras capazes de elucidar todas as dúvidas que nos atormentam em todos os dias que passamos aqui?
Após tanto tempo olhando para fora, pode ser que seja hora de procurar a resposta olhando para dentro...
Onde está sendo mantido este conhecimento, que quando obtido será capaz de mudar o curso de tudo o que existe?
Quem estaria escondendo as palavras capazes de elucidar todas as dúvidas que nos atormentam em todos os dias que passamos aqui?
Após tanto tempo olhando para fora, pode ser que seja hora de procurar a resposta olhando para dentro...
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Uma guerra
Uma tarde sem qualquer poesia se esgueira pelas horas do dia, tentando encontrar uma noite que não traz promessa alguma, dentre tantas, apenas mais uma: retorna ao exílio, quieta. A beleza da existência tropeça na pequenez da resistência expressa por nossas formas de amar.
Segue o estranho rebanho com olhares de transe, e por mais que se estranhe essa é apenas a face da normalidade. Uma guerra interna, sem tiro ou baderna, derruba inimigos vestidos de amigos e nos tira do abrigo fiel, erguido em homenagem às feras que precisamos matar.
Segue o estranho rebanho com olhares de transe, e por mais que se estranhe essa é apenas a face da normalidade. Uma guerra interna, sem tiro ou baderna, derruba inimigos vestidos de amigos e nos tira do abrigo fiel, erguido em homenagem às feras que precisamos matar.
Solstício
Com um rugido duradouro estouram os fogos dos solstícios festivos, todos cobertos de ouro, rumo ao precipício para saudar os deuses do rito lascivo, que protegem a colheita das aves furtivas, que ficam à espreita.
Estão todos atentos ao sacrifício da Virgem, deitada ao luar.
E, no silêncio da meia noite, a hora dos amantes, é sacrificada a virgem: morre a Inocência...
Estão todos atentos ao sacrifício da Virgem, deitada ao luar.
E, no silêncio da meia noite, a hora dos amantes, é sacrificada a virgem: morre a Inocência...
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Para casa
Por mais que façamos, por mais que tentemos, por mais que gostemos do lugar em que estamos, por mais que estejamos sempre no mesmo lugar, parece que as feridas nunca vão se fechar. Enfim, é assim, parece um ciclo sem fim, sem descanso ou recanto, silêncio de espanto. É extenuante o exercício de pensar.
Se faltam palavras, sobram olhares. Apesar dos pesares os pesos que comandam a balança dançam em pêndulos de insônia sonâmbula, e com sonhos estranhos o sono se agita. Em giro constante o mundo transita entre momentos de dúvida, depois possibilidades infinitas, mas a janela se abre só para depois se fechar.
Este é o movimento constante das ondas do tempo, que dragam e reviram, ajustam e dispersam as ideias que antes pareciam corretas. Mas para aparar as arestas parece preciso insistir, reviver, digerir. Aceitar o vai e vem, o retornar, o partir, deve ser a única forma de perceber que é só o amor puro que nos faz resistir.
Se faltam palavras, sobram olhares. Apesar dos pesares os pesos que comandam a balança dançam em pêndulos de insônia sonâmbula, e com sonhos estranhos o sono se agita. Em giro constante o mundo transita entre momentos de dúvida, depois possibilidades infinitas, mas a janela se abre só para depois se fechar.
Este é o movimento constante das ondas do tempo, que dragam e reviram, ajustam e dispersam as ideias que antes pareciam corretas. Mas para aparar as arestas parece preciso insistir, reviver, digerir. Aceitar o vai e vem, o retornar, o partir, deve ser a única forma de perceber que é só o amor puro que nos faz resistir.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Estranhas engrenagens
Difícil enxergar bondade nas pessoas, difícil enxergar isso em nós mesmos. Estranhamente bela e trágica é a vida, que se esvai a cada minuto que passa. Estranhamente comemoramos aniversários, dando vivas a uma caminhada lenta cujo final desconhecemos. Estranhamente escolhemos amar o que mais nos fere. Difícil enxergar através das brumas de ilusão que recobrem nosso estado de consciência atual.
Nos rompantes de impaciência estão escondidos os segredos que revelam quem somos na essência. Pequenos tiranos sem fé, retalhos de convicções traídas, ideais frustrados, ídolos assassinados. Partidos em pedaços por nossos iguais, nossos corações teimam em impulsionar nossos corpos surrados pelos segundos que não cessam, conduzindo-nos em direções opostas as dos nossos sonhos mais felizes.
No mar das dúvidas que nos cerca flutuam pequenos barcos, levando embora as coisas que nos são mais caras, das quais cuidamos com pouco carinho e que sopramos para longe com a força do egoísmo que cultivamos, para aplacar a sede de nossas fraquezas. Pobres diabos somos nós por não conseguirmos enxergar um palmo adiante de nossos narizes, orgulhosos em superar certas perdas, ao invés de evitá-las.
Parece impossível que haja qualquer luz capaz de romper as trevas de tais pensamentos, por mais abertas que possam parecer nossas mentes. Parece certo que antes do final não haverá conforto. Nossos sentidos, todos confusos, nos impedem de relembrar quem somos, e que estamos aqui a mais tempo do que podemos contar, lutando contra tudo e contra todos, numa jornada incessante.
E nos esquecemos que sobrevivemos. E vamos continuar sobrevivendo, não importa o que houver pela frente, seja esta nossa vontade ou não. As coisas vão continuar se movendo entre lapsos de um tempo que ninguém sabe explicar se existe ou não. Pode ser que continuemos caminhando na contramão, mas não há nada que possamos fazer para frear os Processos Perfeitos que não entendemos.
Nos rompantes de impaciência estão escondidos os segredos que revelam quem somos na essência. Pequenos tiranos sem fé, retalhos de convicções traídas, ideais frustrados, ídolos assassinados. Partidos em pedaços por nossos iguais, nossos corações teimam em impulsionar nossos corpos surrados pelos segundos que não cessam, conduzindo-nos em direções opostas as dos nossos sonhos mais felizes.
No mar das dúvidas que nos cerca flutuam pequenos barcos, levando embora as coisas que nos são mais caras, das quais cuidamos com pouco carinho e que sopramos para longe com a força do egoísmo que cultivamos, para aplacar a sede de nossas fraquezas. Pobres diabos somos nós por não conseguirmos enxergar um palmo adiante de nossos narizes, orgulhosos em superar certas perdas, ao invés de evitá-las.
Parece impossível que haja qualquer luz capaz de romper as trevas de tais pensamentos, por mais abertas que possam parecer nossas mentes. Parece certo que antes do final não haverá conforto. Nossos sentidos, todos confusos, nos impedem de relembrar quem somos, e que estamos aqui a mais tempo do que podemos contar, lutando contra tudo e contra todos, numa jornada incessante.
E nos esquecemos que sobrevivemos. E vamos continuar sobrevivendo, não importa o que houver pela frente, seja esta nossa vontade ou não. As coisas vão continuar se movendo entre lapsos de um tempo que ninguém sabe explicar se existe ou não. Pode ser que continuemos caminhando na contramão, mas não há nada que possamos fazer para frear os Processos Perfeitos que não entendemos.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Rápidas
Uma desculpa para cada fracasso, um fracasso para cada tentativa, uma tentativa para enganar o cansaço. Em tempos como esse, de descaso, o pouco caso que fazemos chamando o destino de mero acaso, nos inunda de vazio e atraso. E isso nos leva a não fazer bem a ninguém.
A cada sinal de ira, a própria ira se expande, vai além do pensamento e da palavra, indo de variável a constante.
E isso nos leva a não fazer bem a ninguém.
A cada sinal de ira, a própria ira se expande, vai além do pensamento e da palavra, indo de variável a constante.
E isso nos leva a não fazer bem a ninguém.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Conto de fatos
A teoria é tão bonita, vestida de donzela, toma forma tão singela, reconforta e simplifica. Traz luz ao mundo escuro da nossa insegurança, transforma o medo em esperança. Demanda horas de trabalho em que se prova o que era improvável, desvendando as vias para o inviável. Perfeita em planos no papel branco, encobre os erros com seu manto.
Então chega a prática, feia, maltrapilha. Com equações de falhas na ponta de sua língua. Torna-se mãe sem qualquer amor por sua filha. Esmaga a teoria com sua vasta crueldade, mostra o caminho inverso e separa o sonho da verdade. Atira-se sobre nós com peso esmagador e clareza inclemente, iluminando nossos erros de forma muito eficiente.
Então chega a prática, feia, maltrapilha. Com equações de falhas na ponta de sua língua. Torna-se mãe sem qualquer amor por sua filha. Esmaga a teoria com sua vasta crueldade, mostra o caminho inverso e separa o sonho da verdade. Atira-se sobre nós com peso esmagador e clareza inclemente, iluminando nossos erros de forma muito eficiente.
Sem horas de sono
Uma boa noite de insônia, olhos abertos sem sonhos, abertos ao vazio. O vazio da criatividade que se desespera, restrita em sua prisão. Uma voz que se cala, sem escala, sem nota. O passado que arde nos labirintos da imprecisão.
Um dia de labor glorioso e cansaço ingrato. Dores nos músculos, articulações e nervos. Sintomas de horas que não passam no descompasso dos ponteiros do relógio. O insistente desconforto entre uma e outra refeição.
Tempo calado com coisas inúteis, viajando em futilidade sem doação. Desperdício de talento, impaciência e decepção. As horas de oração, passadas em imagens desconectadas da realidade, amor sem reflexão.
Sopra o vento na janela e geme a noite escondida nos espaços que nos separam, matéria escura que nada liga, passe de mágica passageira e ilusória. Não há conforto para o corpo que não responde ao que é bom.
Traçados, planos de conquista e redenção se rendem ao infortúnio da solidão, escorregam pelos dedos de um destino sem sentido, mergulhado em confusão. A Lua se despede do apogeu e descende agora sem direção.
Amanhece o dia, mais um dia, destituído de emoção. Há muito que fazer, mas a vontade nesta morada não mais reside, abandonou. Levou em suas tralhas tudo a que renunciou. A vida prática, tão errática, se espalha pelo chão.
Um dia de labor glorioso e cansaço ingrato. Dores nos músculos, articulações e nervos. Sintomas de horas que não passam no descompasso dos ponteiros do relógio. O insistente desconforto entre uma e outra refeição.
Tempo calado com coisas inúteis, viajando em futilidade sem doação. Desperdício de talento, impaciência e decepção. As horas de oração, passadas em imagens desconectadas da realidade, amor sem reflexão.
Sopra o vento na janela e geme a noite escondida nos espaços que nos separam, matéria escura que nada liga, passe de mágica passageira e ilusória. Não há conforto para o corpo que não responde ao que é bom.
Traçados, planos de conquista e redenção se rendem ao infortúnio da solidão, escorregam pelos dedos de um destino sem sentido, mergulhado em confusão. A Lua se despede do apogeu e descende agora sem direção.
Amanhece o dia, mais um dia, destituído de emoção. Há muito que fazer, mas a vontade nesta morada não mais reside, abandonou. Levou em suas tralhas tudo a que renunciou. A vida prática, tão errática, se espalha pelo chão.
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