quinta-feira, 19 de novembro de 2009

As certezas

Quando existe a certeza da despedida, e toda despedida traz sua carga de pesar, surge aquele aperto estranho no peito, a saliva não desce pela garganta. A respiração foge um pouco do controle. Saudade antecipada.

Quando existe a certeza da despedida pode ser que seja possível estar preparado e não deixar rolar uma lágrima. Talvez olhar nos olhos de um jeito disfarçado, fingindo que por dentro o vazio já está preenchido e bem costurado.

Quando existe a ausência é que realmente pensamos nos valores de certas coisas. E muitas vezes as menores coisas são as mais valiosas. É como quando as crianças choram por sentir sono quando desejam tanto ficar acordadas. Apenas para ficar mais um pouco conosco, apenas para sentir mais meia hora de felicidade. E nós, muito adultos, pensamos que elas apenas querem brincar... Como se brincadeira não fosse coisa valiosa. E pura.

E quando existe a certeza do retorno fazemos planos para que tudo funcione com perfeição, limpamos tudo, arrumamos a casa, vestimos uma roupa bonita. Vamos ao supermercado, compramos até frutas e legumes. Pensamos até em cozinhar.

Quando existe a certeza do retorno todo aquele tempo de saudade e certa tristeza deixa de existir num piscar de olhos. Pode ser que brotem lágrimas, pode ser que a saliva não desça pela garganta, talvez o nariz comece a escorrer.

Pode ser que a respiração fuja um pouco do controle.

E num abraço apertado pode ser que enterremos meses de tristeza para poder viver pelo menos um dia de felicidade.

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