sexta-feira, 5 de março de 2010

O relógio faz tic-tac

A prisão à qual nos condicionamos ao longo dos anos, essa que não tem paredes ou grades, essa que não tem vigias em seus muros. Sim, essa prisão da qual é impossível fugir mesmo seguindo os planos mais mirabolantes. Esse nosso lugar comum, ponto de encontro de egos e desesperos. Essa prisão nós criamos com muita esmero.

Um esforço desgastante e contínuo, embora sedutor e canalha. Um primor de engenharia, onde celebramos em ritos a nossa ignorância sem tamanho. É nessa prisão que escolhemos viver, com nosso comportamento de vírus. E dessa prisão, é difícil sair.

Agora, na mudança da maré, ao sol de novos dias, existem aqueles que tentam ir além dos muros, para longe dos faróis de busca. Uma tentativa de obter a liberdade mesmo num momento tão tardio. Mas o esforço é grande para calar estes quase ex-prisioneiros.

Nas páginas dos livros da matéria-mestra estão escritas as linhas que determinaram o nosso presente, que se esforça na tentativa de condenar nosso futuro. Basta ler com atenção para perceber que tipo de erva daninha nos tornamos desde o início.

E todos nós acreditamos em controles, de diversas formas. E tentamos obter algum controle, pois sabemos que isso existe. Pois se existe, então algum controle existe sobre nós e sobre todas as coisas, já que é ilógico pensar que tudo é obra de mero acaso.

Pensando assim fica muito claro que, de tanto forçar as coisas além de nossos próprios limites, é inevitável um rompimento. É inevitável que passemos de atores a platéia, assistindo aterrorizada o ruir dos muros que nos prendem. Nos sentiremos ameaçados sem os muros e as grades. E não saberemos o que fazer com tamanha liberdade.

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