quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mundos

Mundos seus, mundos meus, mundos de mundos, dentro e fora de tudo, de todos pisando o globo, de tudo que vive a fundo. Um mundo a partir do outro, dois a partir de um, um partido em dois, dois de todos os sonhos, os sonhos de todos em Um. Giros extremamente longínquos, criativamente oblíquos a todas as cores dos muros, que separam mundos de mundos, felizes, distantes, sisudos. Os círculos que se expandem cheios de rumos, se expandem como se fossem os únicos, mas como tudo que existe, não são isso, nem últimos. São os tempos flutuando assuntos, imune aos efêmeros túmulos que guardam o ontem e o hoje de tudo. Objetos de firmamento noturno, os mundos revelam muitos proveitos e usos, do mundo convidado ao intruso. Do ao tudo de todos aos tolos de tudo, aparecem sempre os baús de escuros confusos. De lá se tira de tudo: dos poucos que riem, aos choros de muitos. Tira-se tudo até que o nada iluda: um espelho sozinho ao fundo te deixa de frente pro mundo.

Minuto

Um minuto, por favor, sem poesia. Sem rima, sem parada, sem bobagem. Tira, tira a maquiagem. Mostre-se como é, para que todos vejam se é isso mesmo, não se importe se não é. Vai seguindo, vai andando. Mas, faz silêncio. Porque senão ninguém escuta. Ninguém percebe, só faz de conta. Um minuto, por favor, sem essa pompa. Porque sempre cansa. Sempre, sempre. Fica sempre na lembrança. E não se engane: ninguém mais escreve como antes. O tempo passou, o mundo mudou, mudaram o mundo e você nem se ligou. Não. Um minuto, por favor. Só um mísero minuto. Você vai ver que tudo muda. Tudo sobe, tudo afunda. Uma hora a gente cai de cara, outra de bunda. Mas não importa, não encana com isso. Um minuto, por favor, e você vai fazer diferente. Vai ser tudo diferente. Só um minutinho.

Doze

O primeiro dia é um dia lindo, um dia santo. Um dia de início, um início franco. Aberto, definitivo. Um dia e tanto.

O primeiro dia é o dia um, o dia que traz consigo todos os outros, mesmo que pareça apenas um dia comum. Pois é no comum que sobrevivem as farturas verdadeiras, os cansaços e descansos, os trancos e barrancos de uma vida inteira.

O primeiro dia, nesse dia a dia que vivemos, é dia de pensar. E acertar o que está errado nesses mundos tão extremos.

O primeiro dia é o último dia do passado. Que descanse em paz, mantendo-se lembrança. Mantendo-se parâmetro, referência, conhecimento. Que seja essa sua herança, e não os velhos sofrimentos. Que o primeiro dia dure uma vida inteira.