quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Trinta e poucos

Às vezes parece que o conteúdo se esvai, e o vazio é o que preenche. O sol cede seu lugar ao manto escuro das noites caladas. Nenhum som se espalha entre as colinas da incerteza, abafado o tempo todo pelas árvores das dúvidas. Os pássaros já não cantam, e as águas silenciam.

Às vezes parece um exagero o que sentimos. Mas pode ser que não seja nada disso. Acontece quando algo sai errado, fora do planejado, e ficamos sem saber por que é que insistimos em fazer planos. Afinal de contas, no final das contas, os planos nunca são só nossos.

E quando faltam as palavras, pode ser que tentemos com soluços. Respirações entrecortadas, olhares trêmulos, uma quase desesperada luta para encontrar um final feliz. Todos nós queremos um final feliz, mesmo que pareça muito distante. Mas, distantes, fazemos pouco para chegar lá.

Mas chega um momento, e a idade chega. Bate de frente, surpreende, se manifesta. De repente a velocidade das coisas muda, os sentidos tornam-se mais claros, as entrelinhas ficam mais visíveis, apesar da miopia, e da hipermetropia. Então as paixões se calam, o fogo se esvai, muito aos poucos. Os pensamentos se tornam mais claros.

E então vemos que não é nada disso. Era para ser tudo muito mais simples. Mas a juventude gosta de ser complicada. Ainda bem que o tempo passa.

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