quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vórtice

Contemplação. Entendimento. Compreensão. Elementos, tão elementares quanto qualquer matéria-prima. Pilares, edificações. Sustento. Tão enigmáticas em simplicidade quanto em mistério. Qualidades não raras nos que buscam as verdades. Tão assustadoramente claras em seus processos e fases. Doces, suaves, amargas.

Desde a infância de tudo o que existe, a dúvida resiste. Um vazio, uma lacuna, como dois pontos suspensos que evitamos religar. Evitamos pelas dúvidas, pelas certezas, pelas dívidas. Fugimos pela saudade que sentimos daquilo que, já sabemos, deixaremos para trás. Os pequenos vícios, as pequenas faltas, os doces pecados.

A muralha frágil que construímos certamente não vai resistir ao avanço da consciência, hora ou outra. Viajante incansável, ela não pára de avançar. E, inexoravelmente, vai nos alcançar. E é bom estar preparado, pois ela é mais que os pesos que sentimos sobre o pescoço, ou sobre os ombros. Ela é o peso de tudo o que escolhemos.

O que sabemos é tão pouco. É apenas o básico para sobreviver. E mesmo assim estamos sempre atrapalhados, hesitando entre o certo e o errado. É tão pouco, insignificante. E a cada geração vamos nos superando, um passo à frente, três para trás. Nossa evolução é inconstante, como nossos laços, todos frouxos, duram apenas um instante.

E mesmo assim existem os que acreditam que podemos ir adiante. Chegar, finalmente, a uma condição mais digna. Trabalham por nós, olham por nós, ignorados sob o manto do anonimato. Exercitam o amor, na forma mais pura. E, mesmo que os releguemos às sombras, não desistem. Pois sabem que fazemos isso apenas pelo medo.

O medo que temos de perceber que não estamos sós, que somos falhos, que atrapalhamos o equilíbrio. O medo que temos de descobrir quem realmente somos.

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