domingo, 20 de dezembro de 2009

Desconcerto

Se eu fosse mágico, teria mudado muitas de suas decisões a meu respeito. Teria mudado sua visão com relação ao meu orgulho e minha soberba. Teria te mostrado o outro lado da minha moeda, o lado certo. Se eu fosse mágico, teria dado vida às flores que nunca te entreguei.

Se eu fosse um pintor, teria te ensinado como misturar minhas cores, luzes e sombras. Teria te explicado meus rascunhos, provas e ensaios. Tentaria te fazer enxergar arte nos meus rabiscos infantis. Se eu fosse um pintor, eu poderia ter me desenhado melhor.

Se eu fosse um cientista, poderia ter inventado meu próprio manual, para que você pudesse ler e então não se assustar com meus intrincados mecanismos. Se eu fosse um cientista, eu poderia ter detalhado tudo aquilo que eu sentia enquanto você dormia.

Se eu fosse um intelectual, teria te convencido de que eu não estava totalmente errado em tudo o que eu fazia. Poderia ter acrescentado um pouco de naturalidade à paixão desenfreada que eu vivia. Certamente isso teria feito uma grande diferença.

Se eu fosse um camponês, tudo teria sido mais fácil, porque eu saberia onde arar, quando plantar, como regar, como cuidar de algo tão frágil como só um amor tão intenso pode ser. Se eu fosse um camponês, teria feito desse amor o meu sustento, e não meu desalento.

E, se eu fosse tudo isso, teria sido capaz de fazer tudo certo e muito mais. Teria sido capaz de entender e não julgar, e ser julgado sem me importar. Teria tido paciência, humildade e resignação para aceitar tudo o que um dia eu achei que merecia.

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