domingo, 20 de dezembro de 2009

Ensaios disfarçados

Há perigo nas ruas da cidade, nas cidades do país, nos países do mundo. Há perigo nas esquinas, nas casas, nos bares. Há perigo nos olhares, nas disputas, nas discussões. Há perigo, muito perigo em tudo o que vemos, e muito mais no que nos mostram.

Há mensagens em tudo o que acontece. Há avisos nas buzinas, nas placas, nos sinais. Há mensagens nos gestos, nos trejeitos, nos vendavais. Há mensagens nos filmes, nas cenas, nos terminais. Há mensagens tão claras que não é possível ignorá-las.

Há palavras que não se falam, não importa o que aconteça. Há palavras que se calam frente à ignorância que nos cerca. Há palavras escritas pela metade, entendidas pela metade, e metade delas fica realmente esquecida flutuando no ar que respiramos.

Há indícios de intolerância quando não ouvimos o que desejamos. Há indícios de problemas quando a solução nos parece distante. Há indícios de traição quando não confiamos em nós mesmos. Há indícios de homicídio nas gotas de sangue espalhadas pelo chão.

Há sentimentos que escondemos quando nos sentimos pressionados. Há sentimentos que nos traem quando desejamos mais do que pensamos. Há sentimentos que enobrecem, empobrecem, enaltecem, fazem de nós simples marionetes.

Há um começo e um fim, e um meio por onde vagamos, entre escolhas e incertezas das quais muito duvidamos. Há pouca paciência em nossa vida tão moderna, tão movimentada e consumista. Pouco pensamos em nós mesmos, importantes mesmo são as coisas.

O início e o fim separados por um fio, um estalo e acabou. No cano de uma arma, na lâmina sobre a qual nós caminhamos. Tudo acaba e silencia, e o que era nosso não existe mais. Não faz sentido dar valor a bobagens, bugigangas. É preciso estar atento ao que está por dentro.

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