E entre a luz e a escuridão estamos nós, com o pé hora ali, outra aqui. No meio do caminho, entre uma coisa e outra, entre a pergunta e a resposta. E é muito difícil perceber o que nos leva até lá, e o que nos arrasta de volta. A miopia da dualidade, a disfunção dos egos, o orgulho e a vaidade por conquistas tão pequenas. E vamos nós, hora vestidos de peões, hora de reis ou rainhas, andando entre quadrados brancos e pretos, presos em torres solitárias, açoitando cavalos de batalha. Perto do final, nas horas aflitivas, recorremos ao Desconhecido, buscamos a Religação. E, após amparados, vamos diretamente para novo desafio, legando ao esquecimento O Que mais nos auxiliou.
Entre o certo e o errado vamos nós, com nossas consciências pueris, tão soberbos na acidez absorvida durante o que chamamos de experiência de vida, inebriados com o que dizemos e mostramos com nossas pequenas maldades e humilhações. Entre a rebeldia e o temor vestimos nossas armaduras ou farrapos, a falta de noção ou o que resta de bom em nossas condutas. Nos mostramos e nos escondemos ao bel prazer do prazer que sentimos quando temos a liberdade de exercer dominação através de ações e palavras impensadas e inflexíveis. E ao terror que nos deleita, estampado nas faces daqueles nos cercam, ousamos dar o nome de respeito.
Mas chega uma hora em que é hora de escolher um lado, de tomar partido, de reformar a intimidade. Sempre chega, para todos, não há exceção para esta regra. É Lei, e dela não se pode fugir. E entre culpados e inocentes já não há mais inocentes, nem entre os peões, nem entre a realeza. É o momento da escolha que tanto nos atormenta, seja no começo, no durante, ou apenas no final. É a hora de escolher entre o egoísmo e a reforma, entre a pompa e o perdão. Entre o sol e a lua estão as voltas que demos nos finitos círculos do tempo que nos foi dado de graça, por bondade. E o que fizemos com tal presente? Teríamos guardado no coração ou esquecido num armário?
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