Os beijos e abraços que tenho roubado dessa existência são minha bagagem de mão, para manter sempre à mão, e embarcar mais feliz para as terras desconhecidas dos dias que estão por vir. As promessas de futuro não são nada a não ser minha imaginação, que segue fértil, construindo para mim mundos de céu azul e campos com flores, perfumes e cores. As cores que meus olhos não conseguem ver. Os perfumes que me conduzem flutuando. As flores que procuro para meu vaso. O céu azul que me guia aos seus braços.
terça-feira, 31 de maio de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
O vazio do copo cheio
Eu vou lhe contar do meu grande amor, que de tão grande não me cabe no peito, mas o destrói com sua suave insistência em existir. De tão silencioso chega a quase causar dor, mas recua diante do que nunca foi feito, para não me deitar inerte diante do medo de insistir.
Um amor grande, denso e cego, que leva em si tanto o poeta quanto a musa, ambos já cansados de tantos desencontros. E vale tanto quanto entrego, que é bem pouco diante da minha vontade escusa, que é levá-lo à morte antes que ele me esqueça entre seus escombros.
Um amor grande, denso e cego, que leva em si tanto o poeta quanto a musa, ambos já cansados de tantos desencontros. E vale tanto quanto entrego, que é bem pouco diante da minha vontade escusa, que é levá-lo à morte antes que ele me esqueça entre seus escombros.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Manifesto
Estão todos tão preocupados com o fim do mundo que nem perceberam que ele já acabou. Acabou hoje, ontem, e mesmo muito antes. O mundo acaba a cada vez que alguém morre de fome, ou de sede, ou de doenças para as quais já existem curas que permanecem em segredo. O mundo acaba a cada assassinato, a cada roubo, a cada mentira, a cada omissão. O mundo acaba a cada guerra, a cada ato violento, a cada negação.
Estamos realmente preocupados, porque preocupações têm sabor de justificativa, e toda justificativa traz o respaldo de nossa justiça, tão justa, tão correta, tão milimetricamente calculada para condenar ou perdoar tanto réu quanto juiz. Mas temos sorte, porque o mundo acaba todos os dias, mas a todo momento se recicla. Levanta-se a cada golpe recebido, por mais dolorido que seja, com mais sabedoria e resignação.
Para cada fim que o mundo enfrenta, ele encontra um recomeço, na tentativa persistente de fazer ver valores que sufocamos sob o peso de nossa soberba. Ele insiste, não desiste, mesmo tendo suas riquezas usurpadas de maneiras tão diversamente doentes. Mesmo calado pela agonia, ele segue em frente. Vai seguindo, mesmo sabendo que vamos continuar dando nossos passos em falso, ou ainda pior, para trás.
Estamos realmente preocupados, porque preocupações têm sabor de justificativa, e toda justificativa traz o respaldo de nossa justiça, tão justa, tão correta, tão milimetricamente calculada para condenar ou perdoar tanto réu quanto juiz. Mas temos sorte, porque o mundo acaba todos os dias, mas a todo momento se recicla. Levanta-se a cada golpe recebido, por mais dolorido que seja, com mais sabedoria e resignação.
Para cada fim que o mundo enfrenta, ele encontra um recomeço, na tentativa persistente de fazer ver valores que sufocamos sob o peso de nossa soberba. Ele insiste, não desiste, mesmo tendo suas riquezas usurpadas de maneiras tão diversamente doentes. Mesmo calado pela agonia, ele segue em frente. Vai seguindo, mesmo sabendo que vamos continuar dando nossos passos em falso, ou ainda pior, para trás.
Toque
As portas, as janelas, as saídas, os caminhos... todos, ou cada um, podem ser abertos ou revelados. Mas o depois depende de cada consciência.
domingo, 22 de maio de 2011
O perigo
O perigo é saber que talvez os outros saibam onde estamos fracos, quando estamos fracos, se estamos fracos, como nos fazer fracos. O perigo é pensar demais e fazer de menos, porque quando menos se espera, o perigo passa a ser você mesmo.
O perigo é não saber o momento certo, porque o certo e o errado andam de mãos dadas, e as mãos dadas nem sempre estão unidas, apenas juntas. Então o perigo reside no que pensamos que é melhor para nós, porque para nós os melhores são sempre outros.
Parece difícil de entender, mas sugiro um pouco de esforço, porque o perigo reside também nas ilusões que criamos para tornar mais suportáveis os vazios que alimentamos dentro de nós mesmos. O perigo é tornar-se coadjuvante de si mesmo nesta peça.
O perigo é não saber o momento certo, porque o certo e o errado andam de mãos dadas, e as mãos dadas nem sempre estão unidas, apenas juntas. Então o perigo reside no que pensamos que é melhor para nós, porque para nós os melhores são sempre outros.
Parece difícil de entender, mas sugiro um pouco de esforço, porque o perigo reside também nas ilusões que criamos para tornar mais suportáveis os vazios que alimentamos dentro de nós mesmos. O perigo é tornar-se coadjuvante de si mesmo nesta peça.
Teia
O tecido da teia é feito de noite, de estrela e de sonho. Brilha sob a luz da lua, chora ao orvalho do amanhecer. Derrete ao sol da manhã e se desfaz antes do meio dia. O tecido da teia é de aranha invisível, sorrateira, irresistível. É de perfume, salto e delicadeza. O tecido da teia é feito de desejo, saudade, vazio. É onde dormimos presos e acordamos libertos. Perambulamos e sonhamos de olhos abertos. O tecido da teia lentamente irrita a pele, coça, forma ferida. O tecido da teia é fêmea. Levemente prejudicial, mas absolutamente imprescindível.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Verbo Ser, verbo Haver
Houve mesmo verdade nos momentos em que fomos sinceros e irredutíveis? Houve mesmo verdade no fio da navalha em que caminhamos, indo e vindo, numa brincadeira de criança que ainda não descobriu para que serve a pólvora? Houve mesmo algo de real no sonho que gostamos de descrever aos outros? Fomos ambos, realmente, meras vítimas? Houve mesmo tudo aquilo que dissemos? Ou foi tudo resultado das disputas pelo poder de comandar algo que nunca precisou de comando? E que nunca precisou de força...
A não ser a força diária, o esforço diário em busca de um fim comum, um objetivo de vida, uma vida em comum. Entre todos os que respeitamos e nós, que somos como eles, e outros, e todos. Todos iguais, sem diferenças, nem mais, nem menos. O esforço diário é para termos o que comer, onde morar e se aquecer. A luta diária é para que estejamos todos juntos, unidos pela diferença e não separados pelas falsas igualdades. A luta é pela cumplicidade do silêncio, e não pelas palavras gritadas, impostas, mordazes. Nunca foi preciso força...
Erramos... e não entendemos.
A não ser a força diária, o esforço diário em busca de um fim comum, um objetivo de vida, uma vida em comum. Entre todos os que respeitamos e nós, que somos como eles, e outros, e todos. Todos iguais, sem diferenças, nem mais, nem menos. O esforço diário é para termos o que comer, onde morar e se aquecer. A luta diária é para que estejamos todos juntos, unidos pela diferença e não separados pelas falsas igualdades. A luta é pela cumplicidade do silêncio, e não pelas palavras gritadas, impostas, mordazes. Nunca foi preciso força...
Erramos... e não entendemos.
Hora
Pare. Pense. Seus pés estão no chão? O chão está sob seus pés? Ou são as nuvens de falso algodão que te sustentam? Olhe. Respire. Existem mesmo linhas que dividem os horizontes, existem fronteiras? Limites? Sinta. Fique. Ouça mais um pouco do lamento, não finja felicidade quando dela você não se alimenta. Não seja hipócrita, não esconda os olhos. Olhe fixo, olhe dentro. Olhe para dentro.
Cale. Reflita. Existe no passado lição que vive até hoje? Que dia é hora? Que hora é essa? É essa a hora de assumir que tudo pode sumir, assim, de repente, como sempre acontece? É essa a hora de levantar o copo, fartar-se e soluçar como o marujo que abstrai a tempestade? Vá. Entre. Encontre tudo aquilo que procura, mesmo que isso lhe consuma todas as horas que os relógios podem mostrar.
Cale. Reflita. Existe no passado lição que vive até hoje? Que dia é hora? Que hora é essa? É essa a hora de assumir que tudo pode sumir, assim, de repente, como sempre acontece? É essa a hora de levantar o copo, fartar-se e soluçar como o marujo que abstrai a tempestade? Vá. Entre. Encontre tudo aquilo que procura, mesmo que isso lhe consuma todas as horas que os relógios podem mostrar.
Saudade I
Saudade é uma coisa maravilhosa. Te remete de volta às coisas mais doces, às pessoas mais doces. Te leva de volta no tempo, que anda em círculos e sempre nos surpreende com suas mágicas repetições, trazendo de volta situações e pessoas que nos fazem lembrar e sentir segurança para os próximos passos. Conforto, como colo de mãe, como cama quentinha e travesseiro com o perfume do nosso cheiro. Então os próximos lugares, as próximas festas, as próximas pessoas não nos amedrontam tanto.
Certo?
Certo?
Saudade II
Saudade é uma merda. É a sensação que traduz algo que, de qualquer forma, você perdeu. Pode ter sido alguém, alguma coisa, algum tempo. Ficou, lá atrás, na linha de um tempo que anda em círculos que vão se fechando. E sempre aparece alguma coisa pra te lembrar que aquilo, aquele, aquela, ficou lá atrás. E é sempre algo, alguém, algum lugar parecido, quase igual. E isso te faz lembrar, te faz desejar que não passe mais, que não fique para trás com o restante de todas as outras coisas que já ficaram.
Isso dá uma raiva antecipada, fecha uma corda ao redor do pescoço. Parece que sabemos que vamos errar, que alguma coisa vai acontecer, vai dar merda em algum ponto. Ficamos com medo do medo que temos de largar mais bagagem no passado. Um passado que não queríamos que passasse, mas que fosse presente sempre e futuro, no futuro. Mas o medo está lá, sorrateiro, escondido, agachado no escuro só esperando a chance de pular rindo da sua cara. Se ferrou! Não falei? E pronto, mais motivo para saudade...
Isso dá uma raiva antecipada, fecha uma corda ao redor do pescoço. Parece que sabemos que vamos errar, que alguma coisa vai acontecer, vai dar merda em algum ponto. Ficamos com medo do medo que temos de largar mais bagagem no passado. Um passado que não queríamos que passasse, mas que fosse presente sempre e futuro, no futuro. Mas o medo está lá, sorrateiro, escondido, agachado no escuro só esperando a chance de pular rindo da sua cara. Se ferrou! Não falei? E pronto, mais motivo para saudade...
domingo, 8 de maio de 2011
Liso
Preconceito é o que nos separa. Pobreza de espírito é o que nos destrói. Violência é o que nos enterra. E a corrupção... Bem, essa tem sido a mesa sobre a qual temos nos fartado.
Rádio
Alô? Olá? Tem alguém aí?
De quando em quando eu tento me comunicar, saber o que acontece. Saber o que existe além da minha esperança, que esmorece. Eu tento, eu mando sinais, eu espero demais. Me canso. A antena enferruja, as ruas se esvaziam, o véu da noite desce, flutuando lentamente, levando embora mais um dia.
De quando em quando eu tento falar, me comunicar. Conjugar os verbos certos, nos tempos certos, pra ninguém se espantar. Já tentei de tudo, de convite a SOS. Realmente não sei o que acontece. Não pode ser defeito, já testei e retestei de tudo que é jeito. Realmente não sei mais o que pode ser feito.
Alô? Olá? Tem alguém aí?
Não é a primeira vez que eu tento, eu tento o tempo todo, em todas as frequências. Em todas as sequências. É impossível que, em meio a tanta imensidão, em tanta quantidade, não haja uma resposta. Não é possível que eu esteja tão sozinho em meio a tantos exageros. Alô? Alguém?
Ninguém.
De quando em quando eu tento me comunicar, saber o que acontece. Saber o que existe além da minha esperança, que esmorece. Eu tento, eu mando sinais, eu espero demais. Me canso. A antena enferruja, as ruas se esvaziam, o véu da noite desce, flutuando lentamente, levando embora mais um dia.
De quando em quando eu tento falar, me comunicar. Conjugar os verbos certos, nos tempos certos, pra ninguém se espantar. Já tentei de tudo, de convite a SOS. Realmente não sei o que acontece. Não pode ser defeito, já testei e retestei de tudo que é jeito. Realmente não sei mais o que pode ser feito.
Alô? Olá? Tem alguém aí?
Não é a primeira vez que eu tento, eu tento o tempo todo, em todas as frequências. Em todas as sequências. É impossível que, em meio a tanta imensidão, em tanta quantidade, não haja uma resposta. Não é possível que eu esteja tão sozinho em meio a tantos exageros. Alô? Alguém?
Ninguém.
Idioma
O idioma do amor é o silêncio. Porque o som das palavras distorce as linhas retas e corretas de algo que é perfeito na essência, perfeito na existência. O idioma da paixão é a voz que desespera, a voz que vocifera as inverdades que residem nos vazios que nos ligam ignorando o conteúdo que nos completa.
O idioma do amor é o silêncio. Porque é no silêncio que os olhos enxergam, os ouvidos ouvem, o coração sente. É no silêncio que o trabalho se faz completo, com retidão e comprometimento, exatidão e cuidado. É com muito cuidado que se faz o silêncio, porque é no silêncio que reside o respeito.
O idioma do amor é o silêncio. Porque é no silêncio que os olhos enxergam, os ouvidos ouvem, o coração sente. É no silêncio que o trabalho se faz completo, com retidão e comprometimento, exatidão e cuidado. É com muito cuidado que se faz o silêncio, porque é no silêncio que reside o respeito.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Entre o que é Grande, e o que é Pequeno
Quando pensamos nas coisas realmente importantes, realmente grandes, as que significam algo de Verdade, nos sentimos pequenos, muito pequenos. Mas isso não precisa ser assim, porque isso só mostra o espaço que temos para crescer.
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