É uma pra cada cartão, é uma pra todos, e outra pra um. É um minúsculo resumo do que é sempre muito importante. É a resposta de várias perguntas importantes. É o segredo não muito secreto que vez ou outra escapa. É a proteção, é o ponto fraco. É o que dá livre acesso a tudo que nos pertence. Inclusive o coração.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Interferências
... sim, estamos aqui... Alô? shhhhhh -- Sim, Terra -- fffsssshhhhhamamos há anos, mas nunca houve resposhhhhh... Gostaríamos, todos, de algumas resposhhhhh sofremos demais à toa, e à toa sofremos demaisfsssshhhhh...
... sim, achamos que já estamos prontos... Olá? Ah... então, só estamos pedindo que apareçam, quando dershhhhh... porque já estamos cansados de pouco aprenderfsssshhhhh... Alô? Ffsssshhhhhacho que vamos precisar de ajushhhh...
... sim, achamos que já estamos prontos... Olá? Ah... então, só estamos pedindo que apareçam, quando dershhhhh... porque já estamos cansados de pouco aprenderfsssshhhhh... Alô? Ffsssshhhhhacho que vamos precisar de ajushhhh...
Pulsos
Olá? Estamos aqui, estamos em casa. Espero que saibam onde é que fica. Estamos sentados, deitados, em pé. Estamos tentando enxergar tudo o que é, e não é. Estamos pedindo demais e entregando de pouco, estamos um pouco dispersos, distraídos com os giros do globo. Alô? Alguém?
Nuca
É quente, gostoso, envolvente. É névoa que voa nos ventos, pelos topos das árvores, voando veloz e eterno, num eterno raro momento. Existe e inexiste ao mesmo tempo em que seus perfumes ganham texturas. Tão sólidas que vão e que voltam, respiração adentro. E vive em luzes e cores: fortes, vibrantes, calmas, escuras. Carrega consigo o gosto do cheiro, e o cheiro do gosto. E carrega saudade, ansiedade e repouso. É tudo de si, nada de outros.
Infinitivos
Receber, entregar. Dosar, saber. Sentir, deixar. Pensar, pedir. Sair, viajar, voltar... chegar, ver, sorrir. Corrigir, crescer, engatinhar. Andar, correr, abraçar. Ficar, morar. Saber, amar. Dizer, calar. Cantar, subir. Voar, respirar. Transpirar, deduzir. Expor, impor, dispor... sentar, relaxar, ouvir.
sábado, 6 de agosto de 2011
Mágica
A mágica misteriosa funciona o tempo todo, age sobre tudo, permeia todos os espaços, os vagos, os ocupados, ocupa os mesmos espaços como se fosse imune às leis da física. A mágica sai das cartolas invisíveis e move nossos corpos, move os outros corpos, dos menores aos colossais, em movimentos de um milímetro, ou de vários milhões. A mágica tem seus sons, perfumes e cores sob absoluto controle. Nunca falha, nunca se cansa.
A mágica nasce e morre nos nascimentos e mortes que nos comovem, e também nos que nos passam despercebidos. A sutileza de seus movimentos faz tudo parecer normal, para que possamos nos concentrar no que realmente interessa. A mágica misteriosa trabalha seus mistérios em nosso favor e em favor de si mesma, como se tivesse inteligência suficiente para fazer dos encontros marcados, simples coincidências.
Por isso é preciso abrir bem os olhos, os ouvidos. Aprimorar o tato. Permitir que a compreensão se liberte das amarras dos nossos planos. Juntar os pedaços, reunir o que separamos. Entender que o que sabemos é exatamente o que precisamos, mesmo que pareça pouco, porque é de cada pouco que se faz o muito. E muito do que nos queixamos é apenas o que não entendemos. A mágica misteriosa é mesmo cheia de mistérios...
A mágica nasce e morre nos nascimentos e mortes que nos comovem, e também nos que nos passam despercebidos. A sutileza de seus movimentos faz tudo parecer normal, para que possamos nos concentrar no que realmente interessa. A mágica misteriosa trabalha seus mistérios em nosso favor e em favor de si mesma, como se tivesse inteligência suficiente para fazer dos encontros marcados, simples coincidências.
Por isso é preciso abrir bem os olhos, os ouvidos. Aprimorar o tato. Permitir que a compreensão se liberte das amarras dos nossos planos. Juntar os pedaços, reunir o que separamos. Entender que o que sabemos é exatamente o que precisamos, mesmo que pareça pouco, porque é de cada pouco que se faz o muito. E muito do que nos queixamos é apenas o que não entendemos. A mágica misteriosa é mesmo cheia de mistérios...
Uma conjunção essencial
Se o nosso amor não fosse pouco, teria durado para sempre, e não teria sempre soado como promessa soprada, nem seria soprado pela brisa de qualquer promessa. Se o nosso medo não fosse muito, teria acontecido muito do que sonhamos, e os sonhos continuariam sendo o alimento que mais gostamos.
Se a nossa vontade não fraquejasse, fortes seriam as chances de sabermos o que fazer quando fosse necessário fazer algo, ou apenas ficar quieto. Se nossa necessidade de criar opostos que se atraiam não fosse tão necessária, menos iguais viveriam sem saber o que é ser necessário.
Se a nossa verdade fosse mesmo inflexível, não haveriam as meias verdades que contamos a nós mesmos. Se tivéssemos o costume de ler os manuais que nos são dados, teríamos aprendido a fazer o que precisávamos fazer. Mas não dizemos que sempre é hora para começar?
Se a nossa vontade não fraquejasse, fortes seriam as chances de sabermos o que fazer quando fosse necessário fazer algo, ou apenas ficar quieto. Se nossa necessidade de criar opostos que se atraiam não fosse tão necessária, menos iguais viveriam sem saber o que é ser necessário.
Se a nossa verdade fosse mesmo inflexível, não haveriam as meias verdades que contamos a nós mesmos. Se tivéssemos o costume de ler os manuais que nos são dados, teríamos aprendido a fazer o que precisávamos fazer. Mas não dizemos que sempre é hora para começar?
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Trégua
Sem que fôssemos vítimas, fomos condenados. Sem que fôssemos juízes, condenamos. Sem que fôssemos pacientes, ouvimos. Sem que ouvíssemos, perdemos a paciência. Sem que estivéssemos em guerra, preparamos nossas armas. Nos escondemos nas trincheiras, rastejamos pelos campos de batalha. Atiramos, erramos. Sem que fôssemos soldados, perdemos companheiros, territórios. Criamos monstros, traumas.
Sem que esperássemos, chegaram os finais. Sem que quiséssemos, os inícios se pareciam. Sem que percebêssemos, fomos os responsáveis. Sem que sentíssemos, nos percebemos perambulando entre os fatos e pessoas, como se estivéssemos cegos pelos brilhos estranhos das coisas que reluzem. Sem que precisássemos, fomos levados a viver coisas que não desejávamos. Mas sobrevivemos. Um dia após o outro.
Sem que esperássemos, chegaram os finais. Sem que quiséssemos, os inícios se pareciam. Sem que percebêssemos, fomos os responsáveis. Sem que sentíssemos, nos percebemos perambulando entre os fatos e pessoas, como se estivéssemos cegos pelos brilhos estranhos das coisas que reluzem. Sem que precisássemos, fomos levados a viver coisas que não desejávamos. Mas sobrevivemos. Um dia após o outro.
Simiumanos
O que nos difere dos símios é nossa incrível capacidade de ter fé e fazer boas coisas, assim como nossa incomparável capacidade de destruir o ambiente de nossas próprias vidas.
Carne
Nos debatemos na insana luta diária que criamos. Como se debatem quaisquer seres fora de seus elementos. Como se debatem as criaturas que não enxergam mais os criadores. É enfrentando nossas próprias criações que nos vemos perdidos, como se não fôssemos mais suficientes para manter suas existências.
É a tortura da rotina que leva nossa carne à traição, porque nossas rotinas demandam carne, não coração. Demandam prazos, ao invés de duração. São construídas para a demanda, não para contentamento. Somos prisioneiros da distorção que emprestamos ao nosso endeusado conhecimento.
E nos esquecemos das voltas do mundo, e do tempo que se encurta. Ignoramos as correções que estão a caminho para corrigir nossos desmandos. Não há ação sem reação, não há falha sem solução. Não há como fazermos o que quisermos sem que haja uma consequência. Não há futuro para nossa inconsequência.
É a tortura da rotina que leva nossa carne à traição, porque nossas rotinas demandam carne, não coração. Demandam prazos, ao invés de duração. São construídas para a demanda, não para contentamento. Somos prisioneiros da distorção que emprestamos ao nosso endeusado conhecimento.
E nos esquecemos das voltas do mundo, e do tempo que se encurta. Ignoramos as correções que estão a caminho para corrigir nossos desmandos. Não há ação sem reação, não há falha sem solução. Não há como fazermos o que quisermos sem que haja uma consequência. Não há futuro para nossa inconsequência.
Diferentes vazios, diferentes silêncios
Quando se está vazio, o vazio já não assusta mais. Ele fica pra depois, pra quando nos enchemos de nós mesmos outra vez. Mas, enquanto isso, o intervalo é de paz, a paz tão difícil de conseguir num mundo tão difícil, entre tantas ilusões, entre tantas distrações.
Quando se faz silêncio, o silêncio já não assusta mais. Ele fica preso nos ruídos que ficaram para trás. Pelo menos até que voltemos a dar ouvidos ao que não deve ser ouvido, até que percamos novamente a concentração. E isso, num mundo tão difícil, é fácil de acontecer.
Quando fazemos um esforço, por menor que seja, a dificuldade já não assusta mais. Isso abre portas, revela caminhos, traz novo brilho ao que era velho, torna velho o problema. É preciso apenas estar vazio, e absorver a novidade. E é preciso fazer silêncio, para ouvir a voz do coração.
Quando se faz silêncio, o silêncio já não assusta mais. Ele fica preso nos ruídos que ficaram para trás. Pelo menos até que voltemos a dar ouvidos ao que não deve ser ouvido, até que percamos novamente a concentração. E isso, num mundo tão difícil, é fácil de acontecer.
Quando fazemos um esforço, por menor que seja, a dificuldade já não assusta mais. Isso abre portas, revela caminhos, traz novo brilho ao que era velho, torna velho o problema. É preciso apenas estar vazio, e absorver a novidade. E é preciso fazer silêncio, para ouvir a voz do coração.
Quando basta
Quando algo está distante, basta estender as mãos. Quando algo está obscuro, basta ouvir a voz da intuição. Quando algo está se rompendo, basta lembrar se foi difícil construí-lo.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Velocidade
E os dias vão se amontoando, e nem se importam se seus começos dependem dos fins de outros dias, que passam e se desfazem na memória da história. Só fazem olhar adiante, indiferentes aos anseios que carregamos, indiferentes aos pedidos que fazemos para que durem mais.
É isso o que faz de nós tão pequenos: a falta de controle sobre o que nos controla sem querer, pelo simples fato de existir, pelo simples fato de nos obrigarmos, sem razão, a dar nome ao tempo, e também dar a ele essa absurda velocidade, que tanto nos apavora.
É isso o que faz de nós tão pequenos: a falta de controle sobre o que nos controla sem querer, pelo simples fato de existir, pelo simples fato de nos obrigarmos, sem razão, a dar nome ao tempo, e também dar a ele essa absurda velocidade, que tanto nos apavora.
Deslumbre
Nos deslumbramos com nossos feitos, nossas viagens e invenções. Descobrimos coisas incríveis, mudamos tudo em que colocamos as mãos. Mudamos o mundo, para que se pareça conosco. Bancamos os gênios, mas na vergonha, escondemos o rosto. Dizemos que tudo sabemos, mas tudo o que sabemos, ainda é muito pouco.
Inventamos mentiras, guerras, preconceitos. Separamos o que estava junto, e quando nos cansamos, juntamos tudo de novo. Levantamos muros, cavamos trincheiras, sepultamos os vivos anônimos, cultuamos os que matamos à toa. A distância que nos separa de tudo está repleta de tudo o que pensamos que somos.
Inventamos mentiras, guerras, preconceitos. Separamos o que estava junto, e quando nos cansamos, juntamos tudo de novo. Levantamos muros, cavamos trincheiras, sepultamos os vivos anônimos, cultuamos os que matamos à toa. A distância que nos separa de tudo está repleta de tudo o que pensamos que somos.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Sobre dores no peito
O que faz doer o coração não é a dúvida, e sim a certeza, porque a certeza não traz esperança. Não traz nada além de si: o fato, que nos deixa fartos de sua fria existência, despertando as revoltas que carregamos de tempos passados, que não passamos a limpo, apenas deixamos de lado.
O que faz doer o coração não é a dor em si, mas o golpe. A pancada que apaga o norte, a pontada que perfura a sorte que imaginamos viver. Mas a dor que dói no coração, se não nos mata, é a que nos faz acordar do sono fingido da razão, que só faz consumir o que precisamos viver de bom.
O que faz doer o coração não é a dor em si, mas o golpe. A pancada que apaga o norte, a pontada que perfura a sorte que imaginamos viver. Mas a dor que dói no coração, se não nos mata, é a que nos faz acordar do sono fingido da razão, que só faz consumir o que precisamos viver de bom.
Rosas e anjos
Nem pediu licença e foi chegando, devagar mas sempre em frente, frente a frente com o que se pensava antes: que isso jamais aconteceria outra vez. Foi chegando e se acomodou, tirou as roupas da mala e fez de outra sua própria casa. Chegou com cheiro de viagem, poeira de uma estrada por onde ninguém mais passava. Chegou ao destino raro, cuja existência vinha sendo, há tempos, ignorada.
Chegou e pôs a mesa, abriu os armários, achou o que precisava. Acendeu o fogo, preparou o que queria, fartou-se da ausência que empoeirava os dias e tomou seu lugar, com solidez e autoridade. Espantou os fantasmas, pôs pra correr os demônios, insinuou seus desejos, obteve suas respostas. Mostrou sua parte da verdade, esticou as pernas e se instalou no lugar que, até então, estava vago.
Chegou e pôs a mesa, abriu os armários, achou o que precisava. Acendeu o fogo, preparou o que queria, fartou-se da ausência que empoeirava os dias e tomou seu lugar, com solidez e autoridade. Espantou os fantasmas, pôs pra correr os demônios, insinuou seus desejos, obteve suas respostas. Mostrou sua parte da verdade, esticou as pernas e se instalou no lugar que, até então, estava vago.
Rebanho
Esse comportamento de rebanho, que nos arrebanha, nos transforma em massa deformada, conformada e sem pudores, nos limitando às linhas pontilhadas dos mapas da ignorância, um dia precisa acabar.
Admiração
É de admirar o quanto ainda nos admiramos com as coisas mais simples, as coisas mais fáceis, as coisas mais lógicas, a lógica da vida. É de admirar o quanto ainda nos admiramos com a ignorância que levamos conosco para todos os cantos, para todas as conversas, para todos os santos. Quanto mais percebemos que tudo depende de pouco, mais tentamos fazer, e fazendo tanto, erramos. E disso, nem nos tocamos.
É de admirar o quanto ainda gostamos de tudo o que nos desgasta, de tudo o que nos afasta de tudo o que queremos perto de nós. Mas também é de admirar o quanto ainda tentamos, mesmo aos trancos e barrancos, mesmo depois de tudo que perdemos ou roubamos. É de admirar essa força de vontade, que vem não se sabe de onde, mas que nos leva adiante. Mesmo tropeçando nas pedras, não desistimos.
É de admirar o quanto ainda gostamos de tudo o que nos desgasta, de tudo o que nos afasta de tudo o que queremos perto de nós. Mas também é de admirar o quanto ainda tentamos, mesmo aos trancos e barrancos, mesmo depois de tudo que perdemos ou roubamos. É de admirar essa força de vontade, que vem não se sabe de onde, mas que nos leva adiante. Mesmo tropeçando nas pedras, não desistimos.
Boa música
A boa música entra nos ouvidos e segue seu caminho até o coração, que já bate diferente, nos deixa diferentes e nos difere dos iguais. A boa música é como o cheiro de pele que vira perfume, que vira costume, que vira presença, lembrança, saudade. Nos vira do avesso, de pernas pro ar. Nos deixa loucos de oxigênio, roucos de gritar. Nos faz esquecer do que dói tanto lembrar. E nos lembra do que esquecemos: é preciso sonhar.
A boa música toca sempre nos fones de ouvido, porque ninguém mais precisa escutar, escutamos até enjoar, mas não enjoamos e vivemos cantando as letras que falam de nós, falam pra nós, falam pros outros exatamente o que queremos falar. A boa música nos cala quando quer, tem vontade própria e bem nos entende. A boa música é a que nos leva desse mundo para o mundo em que ela reina absoluta.
A boa música toca sempre nos fones de ouvido, porque ninguém mais precisa escutar, escutamos até enjoar, mas não enjoamos e vivemos cantando as letras que falam de nós, falam pra nós, falam pros outros exatamente o que queremos falar. A boa música nos cala quando quer, tem vontade própria e bem nos entende. A boa música é a que nos leva desse mundo para o mundo em que ela reina absoluta.
Falta
Falta é ausência, vazio. É a abstinência, que leva a razão à falência. É o nada que vira algo, que vira tudo, por qualquer motivo. A falta é o meio para os fins, é o resultado do fim. É o medo que temos por você, ou por mim.
A falta é o intervalo silencioso entre o que tínhamos e o que não temos mais. Entre o fazer muito pouco e o fazer um pouco demais. A falta é apenas a transfiguração da presença que sentíamos tempos atrás.
A falta é o intervalo silencioso entre o que tínhamos e o que não temos mais. Entre o fazer muito pouco e o fazer um pouco demais. A falta é apenas a transfiguração da presença que sentíamos tempos atrás.
Sensações
Se todo beijo fosse o primeiro, não haveria lugar para o último. A mesma coisa seria com o passo, o desejo, o conforto, o abraço. Os amores, os laços. O começo de tudo o que é novo, a renovação de tudo o que é velho. A sensação de voltar para casa, e ter alguém à espera.
Se todo olhar fosse o primeiro, não haveria lugar para o último. E não haveria mais despedida, lágrima, soluço, chance perdida. Já seria o bastante para melhorar bastante essa vida. Se não houvesse mais o último, o primeiro seria, para sempre, o único tema da rima.
Se todo olhar fosse o primeiro, não haveria lugar para o último. E não haveria mais despedida, lágrima, soluço, chance perdida. Já seria o bastante para melhorar bastante essa vida. Se não houvesse mais o último, o primeiro seria, para sempre, o único tema da rima.
Auto pressão
A pressão é grande, todos os dias, consumindo às vezes horas, às vezes virtudes. Seus pesos entortam as forras, aprisionando as forças da vítima. A pressão age em silêncio, esgueirando-se entre obrigações e responsabilidades, espremendo as vontades dentro do peito. Espalha-se nas vidas como se fosse inocente, e muitas vidas mudam muito, às vezes até para sempre.
Venenos próprios
Estamos cheios de venenos, distrações. Desvios, disfunções. Coisas da vida, coisas da vida. Coisas de tudo quanto é coisa que nos limita, nos sufoca, nos engole. Destilamos nossos venenos no vendaval diário, no vai e vem de tudo quanto é coisa que vai e vem, qualquer coisa, qualquer alguém.
Estamos na contramão envenenada das emoções oscilantes, com passos curtos, vacilantes. Queremos demais ver os depois antes dos antes. Por que tudo foge? Por que tudo finge? Na contramão as curvas ficam do outro lado do que aprendemos, então falha a lembrança, assim como falha o esquecimento.
Estamos cheios de tudo. Tudo é muita coisa para carregar. Muita coisa pra fazer, prometer, consertar. É muita tralha, muita falha. Deixemos pra lá. Há ainda os dias que não vieram, e eles virão, quer queiram, quer não. Estamos cheios dos venenos que inventamos pra nós mesmos.
Estamos na contramão envenenada das emoções oscilantes, com passos curtos, vacilantes. Queremos demais ver os depois antes dos antes. Por que tudo foge? Por que tudo finge? Na contramão as curvas ficam do outro lado do que aprendemos, então falha a lembrança, assim como falha o esquecimento.
Estamos cheios de tudo. Tudo é muita coisa para carregar. Muita coisa pra fazer, prometer, consertar. É muita tralha, muita falha. Deixemos pra lá. Há ainda os dias que não vieram, e eles virão, quer queiram, quer não. Estamos cheios dos venenos que inventamos pra nós mesmos.
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