quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Trégua

Sem que fôssemos vítimas, fomos condenados. Sem que fôssemos juízes, condenamos. Sem que fôssemos pacientes, ouvimos. Sem que ouvíssemos, perdemos a paciência. Sem que estivéssemos em guerra, preparamos nossas armas. Nos escondemos nas trincheiras, rastejamos pelos campos de batalha. Atiramos, erramos. Sem que fôssemos soldados, perdemos companheiros, territórios. Criamos monstros, traumas.

Sem que esperássemos, chegaram os finais. Sem que quiséssemos, os inícios se pareciam. Sem que percebêssemos, fomos os responsáveis. Sem que sentíssemos, nos percebemos perambulando entre os fatos e pessoas, como se estivéssemos cegos pelos brilhos estranhos das coisas que reluzem. Sem que precisássemos, fomos levados a viver coisas que não desejávamos. Mas sobrevivemos. Um dia após o outro.

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