quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O único perigo é o primeiro passo

Parece pouco o que há na mente, no coração, no bolso. Parece pouco, comparado a tanto de tudo que há por aí. Pode até ser que a certeza seja menor que a dúvida, porque quase sempre é, e quase sempre assim permanece. Mudar isso é um trabalho imenso, que exige força além da humana, já que a humanidade não está mesmo nem aí para isso. É caso isolado, não está na massa. Está por fora de tudo.

Deve ser mesmo muito pouco, de tão pouco que se mostra. E, quando se mostra, assusta muito. Causa pânico. Causa um monte de coisas, com um monte de nomes. Causa dor física e um vazio impalpável. Indigerível. Revela-se fraqueza diante da força de tantas coisas aos avessos que andam soltas por aí. Quase causa pena. Quase causa porque a piedade está em falta, jazendo vencida nos estoques.

Até onde isso vai, é impossível dizer. Assim como é impossível dizer um monte de coisas que ficam engasgadas, desgastando a garganta, por onde só desce veneno. O veneno dos dias e noites que passam em branco, um branco sujo e avesso ao branco da paz. O suave veneno vertido contido nas diversões invertidas que inventaram um dia, para que os dias passassem em passo veloz.

Até quando isso vai, nem o relógio responde. Envergonhado, ele se esconde atrás de seus ponteiros espasmódicos, que pulam os números em compasso metódico, enganando as engrenagens que já nem sabem o motivo que as fez tão velozes. Até quando isso vai já nem interessa, porque a dona do mundo agora é a pressa, que passa depressa e deprime àqueles que dela dependem, de forma perversa.

Mas tudo para algum dia, porque tudo morre, se inverte e se transforma em algo novo. Vira pó, vira cinza, carbono, estrela. Partícula atômica, isótopo sem tempo. Voa no vento, cai ao relento. Aquece, queima, reage. Muda de cor, floresce, revive. Tudo morre, muda e nem se incomoda se existe essa pressa, se o vestido é da moda, se tudo é dinheiro. Isso tudo, quando tudo morre, é apenas conversa.

Um monólogo. Monumental.

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