sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mortalidade infantil

Correndo ela vai, olhando pra trás, menina moleca. Sorrindo e gritando, mais baixo, mais longe. Fazendo voar os cabelos no vento, bochechas vermelhas. Vai indo, vai indo. Cai sentada no chão quando olha de volta pra trás, mas levanta e vai sumindo na rua, sumindo na praia, sumindo no mundo das idades adultas. Ela vai, essa danada, pobre coitada, pro fundo de um velho baú. Pra se deitar, linda, mas empoeirada. E com ela vão os cheiros de chuva à tarde, os cheiros de chiclete, bala, primeiro beijo, último amor. Correndo ela vai só pra depois se perder dentro de peitos estranhos, com desejos estranhos, ideais distorcidos. Vai ela correndo morrer em tão tenra idade. Corre, menina, e não olha pra trás, pra não ter saudades de quem já ficou velho demais pra você.

Vai, vai embora... mas promete que um dia você volta pra sempre?

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